quinta-feira, 29 de março de 2012

Roberto Cardoso de Oliveira
Roberto Cardoso de Oliveira (1928-) nasceu na cidade de São Paulo. Bacharelou-se
e licenciou-se em Filosofia no início dos anos de 1950. Doutorou-se em Ciências na
Universidade de São Paulo em 1966. Realizou estágio pós-doutoral no
Departament of Social Relations da Universidade de Harvard, EUA, entre 1971 e
1972. Participou ativamente na implementação de políticas voltadas para o
desenvolvimento da Antropologia no país: criou cursos, fundou revistas, gerou
programas de pesquisa. Sua trajetória no ensino da Antropologia foi
marcada por procedimentos que lançaram as bases do caminho a ser trilhado pelos
novos antropólogos brasileiros. Sua ativa participação em agências de incentivo,
de financiamento de pesquisa e associações científicas foi fundamental para a
implementação de políticas voltadas para o desenvolvimento da Antropologia no país.
É professor e pesquisador da Unicamp, da Universidade de Brasília e do
Museu Nacional. A documentação acumulada é o resultado de suas atividades
profissionais e acadêmicas e reflete parte da constituição da Antropologia no
Brasil relativa ao o período de 1941 a 1995. Outros documentos sobre Antropologia
no Brasil, antropólogos e índios brasileiros, consulte no AEL: Fundo Donald Pierson,
Fundo Associação Brasileira de Antropologia, Coleção Slides de Pesquisas
Etnológicas, Coleção Movimentos Sociais Recentes e o acervo bibliográfico e de periódicos.


RELATORIA 1


Aula dia 13/03/12- Texto “O trabalho do antropólogo: Olhar, ouvir e escrever.” Capitulo 1 do livro” O trabalho do antropólogo.” De Roberto Cardoso de Oliveira.

 O que é o trabalho do antropólogo? Como é o mundo que o cerca? Roberto Cardoso de Oliveira argumenta que como qualquer ser humano o antropólogo tem um olhar construído pela cultura a onde foi criado, mas com o estudo acadêmico esse olhar vai sendo domesticado. Essa domesticação não só do olhar, mas também da visão impede o antropólogo de pensar etnocentricamente.
Através das experiências sensoriais captamos o mundo. Roberto Cardoso de Carvalho caracteriza o olhar e ouvir como as faculdades fundamentais e preliminares do entendimento sociocultural. O olhar do antropólogo sofre uma refração devido ao seu arcabouço intelectual.
O mundo é culturalmente construído, portanto, uma construção social. Existindo variações de culturas em todo o mundo. Se o olhar do cientista social é diferenciado, o seu ouvir não fica por menos. Olhar e ouvir são faculdades complementares que servem como muletas para o antropólogo durante o percurso da sua pesquisa. Pois devido ao confronto cultural existente entre pesquisador e nativo inicialmente, podem ocorrer quedas durante essa trajetória.
No ouvir o antropólogo pode obter informações não alcançáveis apenas pela observação ocular. Como a obtenção de depoimentos e explicações pelos membros da comunidade. Permitindo assim um modelo nativo.
O maior confronto dentro da pesquisa se dar pelo “confronto cultural” entre pesquisador e nativo. Nesse contexto problemático que ocorre a entrevista. Mas logo o confronto cultural é transformado em “encontro etnográfico”. As informações trocadas são entre etnógrafo e nativo, ao invés, de pesquisador e informante. Transformando uma estrada de mão única em uma interação.
Na etnografia essa interação é chamada de “observação participante”. No século XIX a antropologia era conhecida como antropologia de gabinete. Tendo Morgan como referencial com seu trabalho de campo com os Iroqueses. Mas foi Malinowski que introduziu um novo método de pesquisa de campo, a “etnografia” com seu trabalho nas ilhas Trobians.  A observação participante permite estabelecer melhor o dialogo entre as duas culturas.
Após apresentar a observação participante, Malinowski provocou uma verdadeira revolução na antropologia e introduziu a etnografia como base da antropologia.
O olhar e o ouvir são os atos preliminares. O ato de escrever que é o ato final. O escrever estando fora do campo é a mais alta função cognitiva. Trazendo os fatos observados ouvidos para o plano da discursão. Exercendo um papel fundamental no processo de comunicação e conhecimento. Existe uma relação dialética entre comunicação e conhecimento, pois ambos partilham de uma mesma condição dada pela linguagem.
A etnografia é mais que um trabalho de tradução da cultura nativa para a cultura antropológica. Ela realiza uma interpretação marcada pelas categorias ou pelos conceitos básicos constitutivos da antropologia. O que não significa que ela esteja desvinculada dos dados do “modelo nativo”.
O momento de escrever, marcado por uma interpretação de e no gabinete faz com que aqueles dados sofram uma refração, todo o processo de escrever ou inscrever está contaminado pelo ambiente acadêmico.
Para se elaborar um bom texto etnográfico é necessário pensar as condições de sua produção obtida a partir de um olhar e um ouvir domesticados. O que não significa subjetividade do autor, mas sim à intersubjetividade entre comunidade e pesquisador.


 

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